Educação- muito gasto, pouco avanço

Em setembro de 2016 o Governo do estado do Pará divulgou a seguinte noticia: 
 “O Pará obteve o segundo maior crescimento da nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2015 e, com o resultado, subiu quatro posições no ranking nacional em comparação com os dados do levantamento de 2013. Os resultados da avaliação foram divulgados nesta quinta-feira (8), pelo Ministério da Educação (MEC), em Brasília.
Enquanto em 2013 o Pará ocupava a 26ª colocação no Ideb, em 2015 o Estado subiu para o 22º lugar, passando de 2,7 para 3,0 no ensino médio, à frente de Estados como Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe”.

A Secretaria de Educação, dentre outras pérolas, destacou:

“Temos muito o que avançar, mas é evidente que, no contexto de evolução dos resultados da educação no Estado do Pará, os programas e as ações desenvolvidas pela Secretaria de Educação que, isoladamente ou em parceria com outros órgãos públicos, influenciaram de forma positiva o desempenho dos alunos, ressaltando-se o Pro Paz Enem, os simulados nas escolas, o projeto Aprender Mais, as parcerias público-privadas, que lograram êxito na oferta de reforço escolar para os alunos da rede estadual de ensino, dentre outras”, destaca Ana Cláudia Hage.

Essas palavras podem ser classificadas como um SOFISMA, palavra grega que significa: argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa.

Ou seja, é uma enganação baseada em números verdadeiros mas que no contexto geral do IDEB traduzem a seguinte verdade: O Estado do Pará continua dentre os piores estados em educação, ganhando apenas do  Estado de Sergipe nas notas dos alunos dos anos iniciais da Rede pública. Nos anos finais, a nota dos alunos foi ainda mais baixa, embora tenha ficado  à frente de Estados como Alagoas, Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Tendo em vista esses índices alarmantes, apesar das diversas tentativas de mascarar o fracasso da educação em nosso estado, o Governo do Estado celebrou um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID), em 2013. O objetivo seria investir R$ 200 milhões na educação do Estado. Em contrapartida o Governo gastaria 150 milhões para ampliar vagas e melhorar a infraestrutura dos colégios.

A principal finalidade do empréstimo era melhorar os índices do IDEB em 30% nos cinco anos seguintes ( 2014 a 2018).

Com essa finalidade, em 2014, o Estado contratou a Fundação VUNESP "para prestação de serviços de avaliação educacional em larga escala: elaboração, distribuição, processamento (técnico e estatístico), análise e divulgação de resultados do Sistema Paraense de Avaliação Educacional – SISPAE, nos anos de 2014, 2015 e 2016. 

O SISPAE é um sistema de avaliação criado em 2013 com o objetivo de avaliar os alunos, nos moldes do IDEB- avaliação do conhecimento de língua portuguesa e matemática). 

Os relatórios emitidos pela VUNESP, nos sumários executivos 2015 e 2016, mostram um quadro desolador da educação no Pará:

Dados do Sumário de 2016:

O Sistema Paraense de Avaliação educacional estabeleceu níveis de proficiência para avaliar os alunos da rede pública:


Insuficiente/Abaixo do Básico:

Os alunos, neste nível, demonstram domínio insuficiente dos conteúdos, habilidades e competências desejáveis para o ano/série escolar em que se encontram.

Suficiente /Básico:

Os alunos, neste nível, demonstram domínio mínimo dos conteúdos, habilidades e competências, desejáveis para o ano/série escolar em que se encontram.

Suficiente/Adequado:

Os alunos, neste nível, demonstram domínio pleno dos conteúdos, habilidades e competências desejáveis para o ano/série escolar em que se encontram.

Avançado/ Avançado:

Os alunos, neste nível, demonstram conhecimentos e domínio dos conteúdos, habilidades e competências acima do requerido no ano/série escolar em que se encontram

Resultados do SISPAE  (Em percentual) :

4ª série Ensino fundamental:
Descrição
2014
2015
2016
Abaixo do Básico
71,2
65,9
63.1
Básico
24,2
28,4
28,8
Adequado
 4,2
5,0
7,1
Avançado
0,4
0,7
1,0

8ª série Ensino fundamental:
Descrição
2014
2015
2016
Abaixo do Básico
59,8
 55,7
 45,4
Básico
30,4
 30,4
 30,4
Adequado
  8,8
 8,5
 12,2
Avançado
 1,0
0,9
1,6

1º Ensino Médio
Descrição
2014
2015
2016
Abaixo do Básico
57,9
58,6
61,0
Básico
40,6
38,9
36,2
Adequado
1,4
 2,4
 2,6
Avançado
0,1
0,1
0,2

3º Ensino Médio
Descrição
2014
2015
2016
Abaixo do Básico
82,0
80,9
76,1
Básico
17,2
18,2
22,9
Adequado
0,8
0,9
0,1
Avançado
0,0
0,00
0,00

Verifica-se que mais de 90% dos alunos da rede pública do Estado do Pará encontram-se nos níveis abaixo do básico e básico, ou seja,  não tem o conhecimento adequado dos conteúdos, habilidades e competências, desejáveis para o ano/série escolar em que se encontram.

Verifica-se também que a melhora nos índices de ano para ano, nos três anos estudados, é muito pequena, havendo casos até de aumento no quantitativo de alunos em níveis insatisfatórios. Considerando que a meta do Governo do Estado quando fez o empréstimo foi de aumentar em 30% a nota do IDEB pode-se dizer que essa meta está muito longe de ser cumprida.

O trabalho da VUNESP, que até o momento custou R$ 49.887.204,00 apenas demonstrou o que o IDEB já vinha mostrando a cada ano: o fracasso da política de educação do Estado do Pará. 

Resta saber o que o Governo está fazendo pra mudar esses índices!














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