Breve história de uma Lince

Era uma vez uma Lince que ainda garota viveu a ditadura militar, sem entender bem o que estava acontecendo- Era muito jovem e a censura era braba. Ela ouvia falar que o Brasil era “um Pais que ia para a Frente”, mas também ouvia rumores de que o General Bonachão que abraçava os jogadores que ganharam a Copa do Mundo mandava torturar todos aqueles que ousavam falar mal do sistema político vigente.
Com a abertura política, todos aqueles que como a Lince nunca puderam participar de atos públicos passaram a se interessar pelos movimentos políticos, que clamavam por maiores direitos trabalhistas, sociais e econômicos. .Assim, do final dos anos 80 até quase o final dos anos 90, a Lince fez parte de uma categoria muito forte e politizada. Embora nunca tenha sido parte da turma que comandava o Sindicato dessa categoria, a Lince  sempre participou dos principais movimentos grevistas e aprendeu a gostar do Partido dos Trabalhadores. Ia sempre, com as filhas pequenas, ver o companheiro Lula discursar. Mas nunca foi petista de carteirinha e sim socialista de coração.
Também nunca fez parte de nenhuma corrente partidária, afinal o lince é um felino bem arisco!
Mais tarde, o vínculo sindical, as amizades ali plantadas, e a experiência profissional  acumulada terminaram por levar a Lince a viver a experiência mais difícil e complexa de sua vida. Mas, a vida é assim, cheia de surpresas, experiências e aprendizados. E a Lince gosta de se jogar e viver o que a vida generosamente lhe oferece. Afinal, uma das suas frases preferidas é: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”!
E assim, a Lince, de repente e sem esperar, foi alçada para vida pública, para o mundo da política, dos cargos, dos DAS.
A Lince, quando estava naquele mundo estranho e complexo, logo percebeu que precisava afiar suas garras para defender  suas idéias porque ali proliferavam predadores de maior porte e experiência, alguns até egressos de outras selvas, mais desenvolvidas. Ao mesmo tempo, a Lince procurou fazer seu trabalho da forma como aprendeu em seu habitat, mas as condições ali eram muito diferentes do que estava acostumada. Apesar dos relatos levados a cúpula da Selva de Pedra, seus argumentos não eram aceitos. Contra argumentavam que, em nome da governabilidade, era preciso contemporizar ou, em outras situações semelhantes, diziam, contraditoriamente que era preciso atacar, morder e ferir.  A Lince não entendia mais nada e não aceitava tanta contradição; Mas, até mesmo aqueles que a Lince tinha levado com ela achavam que tudo era muito natural, que  fazia parte do modo de vida daquela gente que habitava aquele mundo. É verdade que durante uns dois anos as coisas foram relativamente bem, mas depois tudo se tornou insuportável. Era preciso reagir, senão a Lince poderia ser confundida com uma raposa e o que diria para os seus pares, para seus iguais?
Depois de muito olhar, perscrutar, analisar e meditar,  a Lince decidiu que aquele mundo não lhe pertencia e voltou rapidamente ao seu habitat, não sem antes fazer a lição que aprendeu em casa, nos bancos da escola e em seu trabalho de origem.
Hoje, a Lince tem finalmente a percepção de que é uma espécie em extinção, mas  está aprendendo e ensinando suas crias a sobreviverem fora de seu habitat, principalmente evitando entrar em mundos cujos costumes sejam tão diferentes dos seus. Essa á regra número 1. Outra regra,  é saber reconhecer os verdadeiros amigos, pois esses são fundamentais nos momentos de dificuldade. E por fim, a Lince está totalmente envolvida na missão de buscar aumentar o número de seres que, como ela, acreditam e sonham com um mundo mais justo e ético para, juntos, lutarem para mudar a lógica que impera naquele estranho mundo chamado “política”.

Comentários

Anônimo disse…
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