Pobre povo da Amazônia


No último ranking sobre qualidade de vida nos municípios do Brasil, das 06 piores capitais 05 estão localizadas na Região Norte ( Rio Branco, Manaus, Porto Velho, Belém e Macapá) e 01 no nordeste (Maceió). Belém em termos de pior qualidade de vida só perde para Macapá, que é a última colocada. Por outro lado, dentre as 100 melhores cidades para se viver a maioria está na região sudeste, especialmente em São Paulo.

Esse ranking estampa a cruel desigualdade existente em nosso país, que reflete, regionalmente, a desigualdade de distribuição de renda no mundo como um todo. Vários fatores levaram a esse quadro, ao longo da história de nosso país, entretanto, destaco três como fundamentais: Primeiro, a política desenvolvimentista implementada pelo governo federal, que sempre privilegiou o sul/sudeste e que nunca foi voltada para minimizar a desigualdade regional, ao contrário, sempre buscou tirar as riquezas do Norte, condenando a região a ser mera exportadora de recursos naturais. Em segundo lugar, a ausência de políticas a nível estadual capazes de modificar esse quadro, no que de mais básico a população necessita: Saneamento, Saúde, Educação, Renda. E, por último, a prática do FISIOLOGISMO  (conduta ou prática de certos representantes e servidores públicos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum). Esse é o câncer que se somou às dificuldades de gestão, de implementação de políticas públicas, especialmente aquelas que, desde a Constituição de 1988, foram repassadas para os municípios sem que esses estivessem preparados para tal. Mesmo no plano estadual, é flagrante a dificuldade de implementar o mínimo de medidas necessárias para o desenvolvimento da região.

O fisiologismo tomou conta da política pública em nosso Estado. Os coronéis da década de 30 foram substituídos pelos políticos ( melhor dizendo, família de políticos) que, aliando-se  a alguns  empresários ou até mesmo a familiares, tornaram a gestão pública um escoadouro de recursos para bolsos certos. Recursos esses que deveriam estar direcionados para melhoria da qualidade de vida da população.

Um olhar mais aprofundado no Portal da Transparência do Estado do Pará e dos municípios permite  que se tenha uma breve visão de como algumas pessoas enriquecem rápido neste Estado e como elas estão sempre ligadas a determinado político ou grupo político. 

Como exemplo, cito as diversas postagens feitas aqui nesse blog sobre o "modus operandis" desse esquema, onde venho procurando demonstrar a facilidade que têm determinadas empresas para contratar com o Poder Público, seja por dispensa de licitação por inexigibilidade de licitação e até mesmo por pregão eletrônico ( onde as empresas que não fazem parte do esquema são sumariamente desclassificadas do certame por alguma razão). Outros exemplos aqui bastante demostrados são as associações sociais e empresas da área cultural , recém abertas, que recebem dinheiro publico oriundas de emendas parlamentares.

Mais recentemente, têm sido utilizadas as organizações sociais, associações que se dizem sem fim lucrativo e que passam a fazer a gestão dos grandes hospitais públicos. Vimos isso acontecer nas ações da Polícia Federal contra as fraudes com recursos para combater a COVID, em nosso Estado.

Obras mal construídas, obras inacabadas, asfaltos sem qualidade ou até mesmo faturados e não colocados. 

Todos esses esquemas se repetem nos municípios de nosso Estado. A maior parte da população séria e esclarecida que luta para pagar a enorme carga de imposto de nosso país convive com isso como se não soubesse de nada, reproduzindo o modelo econômico americano, onde o foco é o individualismo e o sucesso. Afinal, para essa camada social o importante e progredir e ostentar. O resto que se dane!

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