Melgaço, reflexo da nossa acomodação?

Não há como atribuir a situação de Melgaço e de outras cidades do Pará que se encontram em situação precária em termos de desenvolvimento humano apenas ao descaso histórico do Governo Federal, pois o desenvolvimento regional depende principalmente das políticas desenvolvidas pelo Governo do Estado. 


Nesse sentido,  o que se tem visto nos últimos vinte anos é a ausência de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento humano. Com exceção da construção de hospitais regionais e abertura de algumas estradas, o Governo do Estado de 1994 até os dias atuais nada fez para tirar nossa região do atraso, pelo contrário a política implantada privilegia as grandes empresas que vêm cavar a nossa terra em busca do minério, que brota fácil, dando em troca uma ínfima retribuição. Apesar disso, a grande imprensa passa à população a ideia que a mineração é esperança de futuro. A tão sonhada verticalização da produção é promessa nunca cumprida, porém a despeito disso nunca foi motivo de tensão entre o Estado e as mineradoras.

O IDHM de Melgaço reflete isso: a total incompetência dos Governantes de nosso Estado, incapazes que são de promover o desenvolvimento local, fato evidenciado pela lerdeza e fracasso do Programa PARARURAL, do Banco Mundial, que teve inicio há mais de 08 anos, com previsão de recursos de 100 milhões de reais, e praticamente não foi executado, embora tenha uma estrutura física caríssima; pela falta de estrutura e de política pública de médio e longo prazo da EMATER e da SAGRI, duas Secretarias estratégicas para o desenvolvimento rural; pela política de “pão e circo” do Governo Estadual, que consiste em agradar a população dos lugares abandonados a sua própria sorte com a visita de “caravanas” que levam além de serviços básicos, que deveriam rotineiramente ser ofertados, shows musicais que saciam a sede daqueles que pouco têm.

O IDHM de Melgaço reflete o perfil de muitos gestores municipais do Estado do Pará que assumem o posto sem saber sequer o significado da palavra “Gestor Público”; Que passam quatro anos à frente da Prefeitura sem desenvolver um Plano de Ação para o município; Que só sabem reclamar que não tem recursos; Que entram e saem do mandato sem deixar nada para a população, a despeito de todo o recurso que recebem.



O IDHM de Melgaço reflete a falta de compromisso de todos nós que tivemos  a oportunidade de estudar, de concluir um curso superior,  de exercer uma profissão digna, de ascender socialmente e hoje, como o povo do Brasil do Sul e Sudeste, viramos as costas e nada fazemos para mudar a vida de nosso irmãos que vivem em cidades  como Melgaço, Portel, Afuá e Jacareacanga.

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