As eleições se aproximam e o quadro é desanimador. Depois de tantos escândalos, de tantos discursos de ódios, de tantas palavras vazias e promessas vãs fica difícil acreditar que a curto/médio prazo seja possível mudar esse quadro. Votar em quem, se sabemos que nosso sistema político está corrompido desde as raízes?

A Operação Lava-jato serviu para mostrar um pouco do que ocorre por trás dos órgãos e empresas públicas e de grande parte das empresas  privadas que contratam com o poder público. O conluio, o favorecimento, as propinas fazem parte do cotidiano da gestão pública, não importa o partido que governe. A corrupção está tão profundamente instalada que quando se tenta combatê-la o próprio Sistema te expulsa. 

Analisar os gastos públicos, como este blog vem tentando fazer há alguns anos, é um teste para estômagos fortes, pois não há como não ficar nauseado com tanta desfaçatez. São contratos de milhões de reais pagos a empresas de consultoria que em nada acrescentam à gestão pública e ao cidadão. Cita-se como exemplo, o contrato de 60 milhões celebrado pela SEDUC com a Fundação VUNESP: O dinheiro saiu dos cofres públicos e a educação do Estado a cada ano fica pior;   São grandes contratos de obras que já "nascem superfaturados" com destino certo ( por trás deles há todo um sistema de repasse de dinheiro para políticos) e que, à medida que o tempo passa, vão sendo aditados e aumentados, num processo de enriquecimento ilícito sem fim (Cita-se os contratos da gestão Duciomar Costa na Prefeitura de Belém). São os contratos milionários de locação de mão de obra ( limpeza e vigilância), hoje um dos maiores gastos de alguns órgãos, a exemplo da SEASTER ( Secretaria de Assistência Social) que em 2018 já gastou mais de 7 milhões com esses contratos, enquanto destinou apenas 569.700,00 para os fundos municipais de assistência social dos municípios ( repasses instituídos por lei). E por aí vai, como este blog vêm árdua e persistentemente procurando mostrar.

Além da corrupção, existe todo um sistema de benesses e favorecimentos, que sugam o recurso público pouco sobrando para tratar das mazelas da população. São os inúmeros casos de nepotismo cruzado, de nomeação de pessoas da elite política, social e econômica do Estado, cujos salários sangram os cofres públicos. Um levantamento feito pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Pará (TCM-PA) aponta que a maioria dos 144 municípios do Estado ultrapassou o limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com pagamento de pessoal. ( DOL 06/12/2017). Os cargos de livre nomeação, sem concurso público, estão abarrotados de pessoas que, muitas vezes, só recebem salário e nem vão ao Órgão. Muitos são políticos sem cargo eletivo, que estão na folha de pagamento para assegurar os votos dos currais eleitorais por eles dominados, nas futuras eleições.

Ainda sobre as benesses, ninguém tem mais benefícios do que os deputados, especialmente os estaduais.  Eles recebem auxílio para tudo. Só de auxilio transporte são 40.600,00 por mês para cada deputado! Isso sem falar no auxilio alimentação, auxilio celular, etc. Por essas razões, tanto querem essa vaga...

O Judiciário tem seus auxílios, mas são poucos perto dos existentes no Legislativo. Além disso, hoje em razão das fragilidades dos outros poderes da República, o judiciário trabalha muito. Enquanto isso, muitos dos senhores deputados pouco vão à Assembleia e à Câmara dos Deputados, voltados que estão para ações eleitoreiras que irão lhes assegurar a permanência nesse mundo dos eleitos.

Um sistema democrático  fraco, sustentado por instituições fragilizadas, é o que temos hoje em nosso país. Para mudar esse quadro só muito investimento em educação de qualidade e em política sociais capazes de diminuir o fosso entre ricos e pobres. E isso com certeza não temos em nosso país, especialmente aqui no norte e no nordeste.

"Vim de longe, vou mais longe
Quem tem fé vai me esperar
Escrevendo numa conta
Pra junto a gente cobrar
No dia que já vem vindo
Que esse mundo vai virar"

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