Teatro de fantoches


Hoje, no Brasil, muitos pedem a volta dos militares ao poder. Há quem diga que nunca houve ditadura militar no Brasil e juram que aqueles foram tempos de glória para nosso País. Nas redes sociais bradam abertamente a favor dos militares,  ao mesmo tempo em que gritam "abaixo o comunismo"! Há poucos dias,na data de aniversário de 200 anos do nascimento de Karl Marx, um opositor mais exaltado colocou uma bandeira no Corcovado, no Rio de Janeiro, onde estava escrito "O Brasil nunca será vermelho". Levou multa de 100 mil e está ameaçado de prisão por crime ambiental.

Debates ideológicos à parte, a verdade é que o Brasil e outros países não considerados de primeiro mundo sempre foram e serão disputados pelas potências hegemônicas. E, o século XX foi marcado pela disputa Estados Unidos X União Soviética.

Na polarização comunismo/socialismo versus capitalismo, o Brasil e a América Latina foram cobiçados por essas duas potências que disputavam a hegemonia mundial desde a segunda guerra mundial. A raiva ao comunismo foi sendo arraigada em grande parcela da população brasileira, desde a época da Guerra Fria, graças ao trabalho de bastidores da diplomacia americana e da CIA. Documentos secretos liberados pelo governo dos EUA, em 2007 revelam o envolvimento direto da agência nos acontecimentos que levaram à ditadura militar, seja pelo encorajamento de sentimentos democráticos e anticomunistas no Congresso, nas Forças Armadas e nos grupos de trabalhadores, estudantes, na Igreja e nos negócios, seja com ajuda militar. 

Por outro lado, a União Soviética, também tratou de trabalhar pela implantação do modelo socialista por aqui. No Brasil, o Partido Comunista que, apoiado e encorajado pelos russos, pregava uma revolução proletária que substituísse a sociedade capitalista pela sociedade socialista, alternou momentos de legalidade e clandestinidade. Em razão disso, os partidários dessa corrente buscaram apoiar políticos com ideias semelhantes, que pertencessem a um partido legalizado, a exemplo de Leonel Brizola.

Passada a guerra fria, com queda do Muro de Berlim e o enfraquecimento da União Soviética, os ânimos relaxaram e os países da América Latina, especialmente o Brasil puderam tentar retornar ao caminho da democracia. Nesse contexto, novos partidos surgiram, dentre eles, o Partido dos Trabalhadores, fruto da união de movimentos populares urbanos, organizações de esquerda, intelectuais e políticos advindos do MDB. Esses partidos de esquerda sempre foram vistos pela classe média e pela elite como "comunistas", perigosos, baderneiros.

O PT quando chegou ao Poder, ao contrário do que todos esperavam, rezou na cartilha dos Estados Unidos ( leia-se Wall Street). Implantou políticas sociais, é verdade, mas praticou economia de país capitalista. Nada de comunismo. Com isso tivemos de tudo aqui, desde o Fórum Social Mundial, até Olimpíadas e Copa do Mundo. O grande Capital estava muito satisfeito. Bastou a Presidente Dilma assumir o Poder e tudo mudou?

Por que será? Daqui a alguns anos quando lermos os documentos secretos da CIA saberemos?

Por ora, vamos continuar nesse besteirol de polarização esquerda/direita. Nesse papo sem noção de comunismo. Vamos continuar sendo fantoches do Primeiro Mundo. Dos Estados Unidos, da Europa, da China. Vamos continuar travados, atrasados, ameaçados no nosso direito mais básico: O de ir e vir. Vamos continuar sem educação de qualidade, sem discernimento, afundados em debates intermináveis sem enxergar a mais triste verdade: Estamos ficando para trás, não só nós, mas toda a América latina, fadados que estamos a servir de fornecedor de matéria prima quase a preço de custo para as potências estrangeiras; a servir de território rentável para os grandes Bancos, para empresas de telefonia e outras tantas empresas estrangeiras que aqui se instalam em nome do liberalismo econômico exaurindo nossos recursos, levando riqueza e progresso para os privilegiados que nascem ou são aceitos no mundo desenvolvido, deixando para nós miséria, pobreza e violência. 

Por ora, vamos dormir sabendo que daqui a alguns meses novos governantes assumirão o Poder e nada mudará, não importa se serão civis ou militares, de direita ou de esquerda, porque enquanto não acontecer uma mudança social no Brasil , uma verdadeira distribuição de renda e educação, que gere conhecimento e tecnologia, tudo ficará na mesma, como vem sendo desde sempre.

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