Professores x Ética x corporativismo



O Brasil passa por um momento difícil na construção de sua jovem democracia. Corrupção, violência, extremismos, resultantes da enorme desigualdade social que impera em nosso país. A boa formação dos jovens é primordial para enfrentamento desse quadro de deterioração das relações sociais. O papel do professor se torna ainda mais importante e desafiador, especialmente nas escolas públicas onde se encontram crianças e jovens oriundos de lares pressionados por precária situação econômica e social. Entretanto, também esse profissional é pressionado, seja pelas condições estruturais inadequadas, seja pelo salário muito aquém do que deveria receber, considerando a relevância dessa atividade. Em nossa sociedade, a importância de cada um se mede pela sua capacidade de acumulação econômica, refletida na ostentação pelas redes sociais. Nesse contexto, muitos professores do ensino público, especialmente nas universidades públicas, buscam outras formas de auferir renda deixando o ensino como atividade secundária. 

Para buscar fixar o professor universitário nas universidades públicas dedicado totalmente a essa atividade, o Ministério da Educação paga o adicional de dedicação exclusiva ( 50% a mais no salário). O adicional melhora o salário, mas ainda não o coloca num valor compatível com a formação e a importância do cargo de professor universitário. Quem recebe esse adicional não pode exercer outra profissão. Rotineiramente, o Ministério do Planejamento faz auditorias para detectar desvios, cruzando dados dos diversos sistemas informatizados do Governo, até mesmo na base do FGTS, operacionalizado pela Caixa Econômica. Mas nada disso impede o professor de dar aulas em universidades privadas ou de prestar consultorias. Sobra jeitinho brasileiro, falta ética. Como resultado, o que se vê nas universidades públicas, em alguns casos, são professores ausentes da sala de aula, com alto índice de falta, principalmente no turno da noite. Os alunos chegam depois de uma dia exaustivo e são recepcionados por salas de aula sem professor ou, muitas vezes, por professores desmotivados nem um pouco interessados em repassar conhecimento. Estão ali apenas para cumprir tabela.

Recorrer para quem, se dentro das corporações públicas impera o corporativismo?! O mesmo corporativismo que impede a mensuração real da produção de cada docente? Um por todos e todos por um e ai de quem discordar !

Assim, o mundo continua girando sempre do mesmo jeito- ricos cada dia mais ricos, pobres cada dia mais pobres e a classe média pulando para subir de nível! Nenhuma mudança social é possível sem uma educação de qualidade. E, nas universidades públicas de Belém, muitas vezes falta o principal para a mudança começar a acontecer: Ética e Comprometimento!



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