Com a intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro discute-se muito se o caos se deve à falta de investimento em segurança. Os números, por si só não dizem muita coisa, porque quantidade não significa qualidade, mas sempre é bom saber quanto recurso o Estado tem direcionado para a segurança pública.

No Estado do Pará, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social – SEGUP é o órgão central do sistema de segurança pública e tem , sob Supervisão Técnica e Operacional os seguintes órgãos:

 a) Polícia Militar do Pará;
b) Corpo de Bombeiros Militar do Pará;
 c) Polícia Civil do Estado do Pará;
 d) Departamento de Trânsito do Estado do Pará;
e) Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará;
f) Centro de Perícias Científicas “Renato Chaves”.

Vejam a evolução de gastos com a segurança pública em nosso Estado, nos anos de 2010 (gestão petista) e 2012 e 2017 ( Gestão Jatene):

ÓRGÃO
Ano 2010
ANO 2012
ANO 2017
Policia Civil
212.536.719,49
281.096.168,26
   485.898.755,54
Policia Militar
458.044.328,94
668.069.484,20
1.103.428.816,35
Corpo de Bombeiros
108.866.812,54
157.218.763,90
   237.851.061,75
Defesa Civil/Corpo de Bombeiros
0,00
2.937.210,00
0,00
Encargos/Corpo de Bombeiros
1.854.109,69
1.086.902,11
565.365,02
Centro de Perícias Renato Chaves
37.079.580,50
65.412.620,63
90.445.127,20
SUSIPE
119.714.333,40
152.618.750,08
319.607.505,98
Detran
172.327.141,78
199.024.459,84
335.185.670,63
Segup/PA
28.993.404,48
31.624.976,08
59.144.459,17
TOTAL
1.139.416.430,82
1.559.089.035,10
2.631.561.396,62

  
Pelos números apresentados é possível dizer que, em 07 anos, houve um aumento substancial nos gastos do sistema de segurança, sendo que praticamente todos os órgãos aumentaram no mínimo 100%  sua execução financeira.

Mas, como se sabe, isso não se refletiu no serviço posto a disposição do cidadão. O Pará consta no Atlas da Violência (2015) como o 5º estado mais violento do Brasil. No mesmo estudo, em 2016, nosso Estado tem 04 micro regiões ( Altamira, Parauapebas, Marabá e Belém) dentre as 20 mais violentas do Brasil.

Sabe-se que a criminalidade tem como origem fatores complexos que não podem ser relevados para uma análise mais profunda da origem desse mal que assola o Brasil e, em especial, o Pará. Dentre esses fatores, destaca-se a questão social- a desigualdade social, o desemprego, a moradia em condições desumanas, a ausência de políticas públicas voltadas para a infância e juventude, a educação de má qualidade. 

Em nosso Estado, há muito a parcela mais pobre da população tem sido esquecida, especialmente a juventude. Basta ver que na estrutura administrativa do Governo do Estado só existem dois Órgãos voltados para atendimento das carências sociais: A Fundação de Atendimento sócio educativo do Pará (FASEPA) e a Fundação PROPAZ (criada em 2015). 


A Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (FASEPA), vinculada ao Governo do Estado do Pará, "tem como missão coordenar e executar a política estadual de atendimento socioeducativo a adolescentes e jovens com prática de ato infracional, bem como de seus familiares, orientados pela doutrina da proteção integral.". Ou seja, não se trata de um trabalho educativo e preventivo e sim de recuperação de jovens. O PROPAZ tem o objetivo de articular, fomentar e alinhar políticas públicas voltadas para a infância, adolescência, juventude e pessoas em situação de vulnerabilidade social, visando a garantia de direitos, o combate e a prevenção da violência e a disseminação da cultura de paz. Teoricamente, o PROPAZ seria o responsável por implementar mudanças sociais no Estado do Pará.


Execução financeira desses Órgãos em 2015 e 2017:

ÓRGÃO
2015
2017
Fundação Atendimento Sócio Educativo
80.590.167,01
98.404.629,51
Fundação Propaz
5.933.877,79
17.366.020,92

Fica evidente, assim, que os recursos financeiros voltados para apoiar politicas públicas voltadas para crianças, adolescente e jovens em situação de risco, que ainda não cumprem medidas sócio-educativas, em nosso Estado, são mínimos e incipientes. Talvez aqui esteja uma das respostas para o aumento da criminalidade em nosso Estado, a despeito do aumento significativo do gasto público em segurança.









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