Na contra mão dos fatos

Na edição de domingo do Liberal, o Tribunal de Contas do Estado (TCE/PA) informou  o total de contas julgadas em 2010 e  detalhou  o resultado do julgamentos dessas contas:

JULGAMENTO	TOTAL
Regular	849
Regular com multa	508
Regular com Ressalvas	33
Regular com Ressalva e mutas	53
Irregular	6
Irregular com multa	57
Irregular com devolução de recurso	5
Irregular com devolução de recurso e multa	186

RESUMO:

TOTAL DE CONTAS JULGADAS	1697	%
TOTAl DE CONTAS REGULARES	1443	85%
TOTAL DE CONTAS IRREGULARES	254	15%

           

            Como o TCE julga as contas de todos aqueles que recebem e gerem  recurso público estadual, matematicamente não há dúvida de que esses números indicam que nossos gestores estaduais são uma verdadeira maravilha já que  apenas uma pequena parcela deles cometeu irregularidades. E essas irregularidades de acordo com o Presidente do TCE ocorreram por puro despreparo de alguns gestores e que para sanar esse problema, o Tribunal promove eventos de orientação.

            Tudo quase lindo, limpo...clean!  Enquanto isso na vida real ...

            Que me perdoe o nobre Presidente do TCE, mas esta Lince,  que lê jornais diariamente, que procura acompanhar de perto as notícias sobre corrupção, que já andou por muitas e diversificadas selvas,  toma a liberdade de discordar desses julgamentos: Com certeza o buraco é muuuuuuuuuuuuuito  mais fundo!.

            Talvez seja a hora do TCE  buscar novas paradigmas nos critérios de julgamento das contas,  limpar as lentes, apurar o olfato, pois com certeza existe muita lama encobrindo certos atos praticados pelos Gestores Estaduais,  tipo :  Dispensas de licitação por emergência que de emergência não tem nada!; Contratação de fundações de apoio para terceirização de pessoal (em número muito maior do que o necessário. Por que será?); contratação de pessoal terceirizado na área de limpeza e conservação (em grande número sem que o serviço seja prestado); concorrências para obras viciadas, repartidas entre empresas “amigas”; convites montados; serviços na área de asfaltamento de estradas superfaturados e muitas vezes mal realizados; servidores temporários contratados as pencas em detrimento da realização de concurso público; convênios com objetos inexeqüíveis e de difícil mensuração; Médicos contratados para trabalhar 04 horas e que não comparecem ao serviço ou então que ficam no máximo 01 hora por dia  sem que os Gestores tomem nenhuma atitude;  remédios que não são entregues;  Organizações sociais que são cabide de emprego de apadrinhados políticos; bens que são adquiridos e somem diariamente dos órgãos sem que ninguém diga nada porque os órgãos não fazem anualmente o inventário dos bens; processos mal autuados, muitas vezes até sem terem passado pelo protocolo...E por ai vai!

            Muitos desses fatos são detectados em auditorias e fiscalizações de rotina. Inclusive, alguns já foram comentados pela imprensa da Terra. Então,  como entender esses números?: